Uma decisão de última hora fez me ir ao “Lisbon & Estoril Film Festival” (assim mesmo… em inglês) para assistir à ante-estreia do novíssimo “The Ides of March”, realizado (e interpretado) pelo George Clooney. Como bónus surgia a presença in loco do Paul Giamatti.
Existem dois prismas para observar o filme na minha opinião. O primeiro (e o mais importante do ponto de vista cinematográfico) prende-se com a qualidade do argumento e interpretações. A prestação do Ryan Gosling no papel de um subalterno na máquina de campanha do Partido Democrata está simplesmente fabulosa. E pelo que vi até agora, está ali um sério candidato aos próximos Óscares. Clooney está num bom registo. Assim como a Marisa Tomei. Quanto ao Paul Giamatti e o Philip Seymour Hoffman provam o porquê de serem considerados dos melhores actores da sua geração, especialmente (e isto palavras do Paul Giamatti) a interpretar “gordos frustrados” (não que seja o caso…).
O argumento é simples. Eleições primárias do Partido Democrata no Ohio. O Governador Mike Morris (Clooney) é o “homem da mudança e da esperança” (cheira muito a Obama) e apresenta-se como uma pop-star do partido para “tomar o país de volta”. A liderar a sua “equipa” na campanha está Paul Zara (Seymour Hoffman) com o seu adjunto-de-campo Stephen Meyers (Gosling). No outro lado da barricada está o candidato mais “conservador” dos democratas: o Senador Pullman. A liderança da sua equipa é exercida pelo guru político Tom Duffy (Giamatti).
Depois temos as personagens mais ou menos marginais (mas decisivas) numa trama deste estilo: a jornalista política que cobra favores (Marisa Tomei), o barão do partido que tem votos decisivos para os candidatos (Jeffrey Wright) e a estagiária da campanha (Evan Rachel Wood).
Todo o filme roda em volta dos jogos de interesses de todas as personagens e tudo funciona como um puzzle demasiadas vezes visto na vida real. E esse é o outro prima do filme. Todas as situações que se vão desenrolando durante o filme são tão banais que o tornam um pouco previsível. Parece-me este o principal problema do filme (e da sociedade…) para poder ser considerado um grande grande filme. Limita-se a ser bom. O que, obviamente, é o contrário de mau.
Um elenco de luxo e, mais uma vez, uma interpretação que tem “Óscar” escrita em todo o lado do Ryan Gosling.
Classificação: 4 Estrelas Zuropa
Depois do filme, a conversa da audiência com o Paul Giamatti. Descontraído e pouco dado a responder de maneira formal, foi igual ao que imaginámos. Algumas perguntas interessantes, outras nem por isso, mas no final fiquei feliz por ele dizer que o filme que mais gostou de protagonizar é exactamente o que eu acho que ele tem a melhor prestação: O Ilusionista (com o Edward Norton e a Jessica Biel).