Ontem terminei (finalmente…) a Season 1 da série “The Newsroom” e é de certa forma arranjar um termo de comparação para as restantes séries que acompanho.
Gosto imenso de “The Game of Thrones”, mas como leitor da saga, fico sempre um pouco desiludido com o desenrolar da série em TV. Claro que é HBO (tal como “The Newsroom”) e isso é um garante de qualidade, mas a aposta em actores com pouca “rodagem” em grandes palcos faz com que a série perca um pouco ao nível das interpretações. As excepções são Peter Dinklage (um brilhante Tyrion Lannister), o veterano Charles Dance ( como Lord Tywin Lannister ) e a surpresa: Jack Gleeson (como o odiado Rei Joffrey). No restante a série vale muito mais pelo seu argumento que pela interpretação dos actores.
Divirto-me com as peripécias do Hank Moody e do Charlie Runkle no Californication, mas não consigo pensar além do momento (e do óbvio).
Com “House of Cards” as coisas são um pouco diferentes. Actores já com algum nome ao lado de um brilhante (como quase sempre) Kevin Spacey. De lamentar apenas a ausência de informação acerca da sequela… e o interesse que vou perdendo com esse facto.
Apostei fichas nos “Vikings” mas a saga do Ragnar Lothbrok e dos seus “irmãos” de armas por vezes deixaram-me à beira do sono e não tenho grande curiosidade com o que vem aí para a Season 2 algures em 2014.
Mas este “The Newsroom” mudou tudo. A série é apaixonante, o leque de actores é brilhante (com destaque para Jeff Daniels e Emily Mortimer e ainda o luxo de ter Dev Patel num papel quase secundário) e não existe um episódio que nos “obrigue” a não pensar em ver o próximo o mais rapidamente possível.
A ideia base é do mais simples que poderia existir: uma redação de uma estação de TV. Tudo o que “gravita” no seu redor é que torna todo o conceito da série interessante. Desde as relações entre os membros da equipa, a conjuntura política nos Estados Unidos, a fronteira entre o jornalismo imparcial e claramente político e os dramas pessoais de cada uma das personagens. A juntar a isto tudo temos ainda Sam Waterston que já ultrapassou os 70 anos mas que ainda me parece que foi ontem que interpretou o repórter Sydney Schanberg em “The Killing Fields” (sim é ele).
Conspiração, romance, traição, amor, moralidade, amizade, espirito de equipa e sobretudo uma enorme dinâmica é o que nos pode oferecer esta série escrita por Aaron Sorkin. Não fiquei admirado com a qualidade da mesma quando verifiquei que “simplesmente” escreveu os argumentos de “A Few Good Men”, “Charlie Wilson's War”, “The Social Network” e mais recentemente “Moneyball”.
Não fiquei admirado também por perceber que era um Democrata. Mas para entenderem isso terão de ver a série. Se tiverem oportunidade não desperdicem. É ouro televisivo.
Fechou um supermercado perto da minha casa. Não era uma mercearia de bairro, nem um negócio familiar de gerações.
Era um supermercado de uma pequena cadeia. Ia lá apenas algumas vezes. Com a proximidade (de carro) de um Continente e dois Pingo Doce a ditadura económica não permite grandes aventuras quando vamos fazer as necessárias compras do mês para abastecer a casa.
Por vezes lá fazia algumas. Porque ficava em caminho ou porque o Talho era muito melhor que os restantes.
Domingo parei à porta. E senti-me triste. Uma simples folha A4 estava pendurada na porta: “Por motivos de força maior fechámos no dia 01/11/2013. Obrigado por todos estes anos” Algo assim…
Senti um aperto. Lembrei-me do sorriso sempre simpático do jovem que estava na caixa, do sr do Talho que dizia “a sua graça” e da qualidade de algumas coisas que ali comprava. Mas lembrei-me mais de pessoas que não conheço. Das famílias que agora ficam sem sustento (e que provavelmente já não o tinham porque não se fecha assim um negócio quando está tudo em dia) e lembrei-me de um Portugal envergonhado que substitui “crise” por “motivo de força maior” como se este holocausto financeiro e económico que nos vai comendo o futuro fosse apenas um problema na canalização ou alguma inspecção da ASAE…
Portugal está a transformar-se nisto… Um aperto…Uma tristeza…Uma vergonha