Em primeiro lugar quero confessar que o Tintin nunca foi a minha primeira escolha de banda desenhada. Quando era mais jovem e posteriormente ao Petzi sempre preferi o Asterix ou o Lucky Luke, sendo que acredito que a ideia pré concebida de um herói francês (espera… o Asterix é uma espécie de francês… adiante…) não me atraía muito…
No entanto li alguns, e diverti-me com as aventuras do repórter que não escrevia uma linha, do cão Millu e do Capitão Haddock (cuja ideia deve ser o nome inglês do peixe e não ad-hoq).
Hoje fui surpreendido por uma notícia que informava que um cidadão congolês tinha processado judicialmente a editora dos livros do Tintin por conteúdo racista no livro “Tintin no Congo” publicado em … 1938…
Não ponho em causa que o livro tenha referências racistas subliminares. O Hergé era um “colaboracionista” e “anti-semita” convicto, no entanto a principal alegação do queixoso são os estereótipos criados relativamente aos habitantes do Congo (à altura uma colónia Belga).
Eu gosto de estereótipos divertidos. Acho que é preciso ter sentido de humor para os ultrapassar e ontem enquanto sentado a cortar o cabelo ouvia 3 brasileiros a conversar (um da Baia, outro Gaucho e outro do Rio) voltei a perceber porque motivo os brasileiros conseguem ultrapassar com humor todos esses estereótipos “locais” como “Se és Baiano tens de saber tocar violão…” e nós, cinzentos como habitualmente, partimos logo para aquele orgulho tão pequenino que facilmente seria substituído por um sorriso, uma piada e boa disposição.
Voltemos ao caso do Tintin e imaginemos este princípio a toda a literatura publicada ao longo da história… onde iríamos parar? No Antigo Testamento? Nos hieróglifos?
Parece-me ridículo que um qualquer tribunal belga sequer conceba a possibilidade de retirar os livros do Tintin da zona reservada a crianças, ou mesmo a literatura juvenil…
Parece-me tanto aquela tentativa (que todos os dias vemos) de se tentar ser tão sério em assuntos tão inúteis e descartarmos o que realmente importa…
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