Fechou um supermercado perto da minha casa. Não era uma mercearia de bairro, nem um negócio familiar de gerações.
Era um supermercado de uma pequena cadeia. Ia lá apenas algumas vezes. Com a proximidade (de carro) de um Continente e dois Pingo Doce a ditadura económica não permite grandes aventuras quando vamos fazer as necessárias compras do mês para abastecer a casa.
Por vezes lá fazia algumas. Porque ficava em caminho ou porque o Talho era muito melhor que os restantes.
Domingo parei à porta. E senti-me triste. Uma simples folha A4 estava pendurada na porta: “Por motivos de força maior fechámos no dia 01/11/2013. Obrigado por todos estes anos” Algo assim…
Senti um aperto. Lembrei-me do sorriso sempre simpático do jovem que estava na caixa, do sr do Talho que dizia “a sua graça” e da qualidade de algumas coisas que ali comprava. Mas lembrei-me mais de pessoas que não conheço. Das famílias que agora ficam sem sustento (e que provavelmente já não o tinham porque não se fecha assim um negócio quando está tudo em dia) e lembrei-me de um Portugal envergonhado que substitui “crise” por “motivo de força maior” como se este holocausto financeiro e económico que nos vai comendo o futuro fosse apenas um problema na canalização ou alguma inspecção da ASAE…
Portugal está a transformar-se nisto… Um aperto…Uma tristeza…Uma vergonha